Pequena história 

 

Nos idos de 27 de novembro de 1728, veio ao mundo dos viventes o menino Zeferino.

Nasceu em terras de cana-de-açúcar, onde o sol queimava forte e a dor do cativeiro ecoava pelos campos. Desde cedo, mostrava ser espírito de grande luz, alma antiga que carregava consigo sinais de profunda espiritualidade.

Porém, os caminhos da vida o levaram a trilhar sendas duras: escolhido pelo sinhozinho, foi entregue aos ensinamentos de um feitor cruel, homem que dizia cuidar dos escravos, mas que só sabia ferir, molestar e espalhar sofrimento.

Zeferino, ainda jovem e de coração aberto, aprendeu com esse mestre a arte amarga da maldade. Cresceu acreditando que o chicote era lei, e quando o destino levou seu feitor, assumiu seu lugar.

No entanto, no íntimo de seu peito, o menino baiano carregava inquietação: entre castigos e ordens, buscava nas conversas com os escravos a magia escondida, a força dos segredos antigos que vinham da África e dos encantos da natureza.

Era um homem dividido: ora a mão que feria, ora o coração que consolava. E assim os anos se passaram, até que, um dia, o peso de seus atos cobrou o preço. Foi surpreendido numa emboscada e tombou sob lâminas afiadas, banhando o chão em silêncio de partida.

Sua alma, então, vagou por vales escuros, reinos sem vida, aprendendo nas sombras o reflexo de seus erros. Mas a misericórdia divina sempre alcança.

E já em sua oitava volta ao mundo dos homens, prometeu a si mesmo e ao Pai Maior que só serviria ao bem. Foi assim que os iluminados o acolheram, conduzindo-o às leis sagradas de Olorum e ao amor de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Após longos anos de aprendizado, Zeferino recebeu nova missão: tornar-se instrumento da palavra divina, guia de sabedoria e humildade, espírito de caridade que hoje se apresenta para ensinar os viventes a força do perdão, do amor e da fé.


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