
Pretos Velhos na Umbanda
06/10/2025
Fundamentos Antigos na Umbanda
08/10/2025Na Umbanda, a gira é o sopro divino que movimenta as forças da caridade. É o encontro entre o mundo espiritual e o mundo terreno, onde as entidades descem à Terra para servir, curar e ensinar. Mas antes que os atabaques toquem e os pontos ecoem no ar, há todo um preparo sagrado que envolve fé, respeito e entrega.
Os médiuns iniciam sua preparação muito antes de adentrarem o terreiro. Purificam o corpo e o espírito, evitando excessos, alimentos pesados, bebidas e pensamentos negativos. É o tempo de recolhimento interior — de silenciar a mente para que o coração possa ouvir a voz dos guias. Muitos fazem orações, banhos de ervas e defumações, cada um conforme a orientação de seu mentor espiritual. A roupa branca simboliza a pureza da intenção, a humildade e o desejo sincero de servir à Luz.
Quando o terreiro é aberto, as forças começam a se alinhar. Os Exus e Pombagiras fazem a limpeza do ambiente, retirando as energias densas e abrindo os caminhos para que o trabalho flua em harmonia. Depois, os atabaques tocam, os pontos são entoados, e a vibração cresce até que o espaço se encha da presença luminosa dos guias. É nesse momento que a gira começa — o encontro entre fé, som e energia.
Durante a gira, cada entidade manifesta o amor divino à sua maneira. Pretos Velhos acolhem com sabedoria e paciência, Caboclos trabalham com força e coragem, Ciganos trazem alegria e esperança, Baianos, Marinheiros e tantas outras linhas se unem num só propósito: o de fazer o bem, de aliviar o peso das dores humanas e renovar a fé de quem busca ajuda.
Quando o trabalho chega ao fim e os tambores silenciam, o terreiro se recolhe, mas a gira não termina ali. Mesmo após o encerramento, os guias continuam ao lado de seus filhos de fé. Eles seguem orientando nos pensamentos, protegendo nos caminhos, intuindo nas decisões e fortalecendo nos momentos de fraqueza. A presença deles é constante, ainda que invisível aos olhos — é sentida no coração e nas pequenas bênçãos que se revelam no cotidiano.
Assim, a gira é um ciclo que nunca se encerra totalmente. Ela começa na preparação, se manifesta no trabalho e continua na vida de cada um que foi tocado pela luz dos guias. É a expressão viva do amor de Deus, traduzido em canto, fé e caridade — um lembrete de que na Umbanda ninguém caminha só, pois o amparo espiritual segue firme, guiando cada passo com axé, proteção e sabedoria.
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