
A IMPORTÂNCIA DO SILÊNCIO DENTRO DO TERREIRO
08/04/2020
A VAIDADE NA UMBANDA
05/04/2023É bastante normal vermos quartinhas de barro ou de cerâmica nos congás. Na maioria dos casos essas quartinhas estão cheias de água. Em alguns terreiros vemos quartinhas ao lado de velas firmadas no pé dos atabaques. Outros terreiros possuem um quartilhão (quartinha maior) em local alto dentro do salão ou no telhado (são as famosas cumieiras, bastante usadas no Candomblé). Essas cumieiras as vezes são enterradas no meio do salão do terreiro.
Nas tronqueiras, então, se não tiver quartinha parece que há algo muito errado.
Nossa primeira referência natural é justamente o Candomblé que já citamos, já que em todas as nações (Keto, Angola, Jeje, etc) seu uso é comum. O que precisamos refletir é se o uso é exclusivo do Candomblé e Umbanda e, logicamente, qual a ancestralidade disso.
Primeiramente vale ressaltar que o uso das “garrafas ou jarros mágicos” é tão antigo que a cada vez que buscamos referências históricas, surge algo mais antigo. O estudo, com métodos de realização em todos seus aspectos, mais aceito foi publicado em 1681, onde bruxos europeus usavam o conhecimento de manipulação de ervas e outros elementos para exercer domínio sobre alguém, em especial as mulheres. A forma mais fácil de unir esses elementos junto com material orgânico da pessoa era envasilhar em garrafas, da forma como os nativos africanos faziam.
A ancestralidade do ritual, portanto, é algo muito capilarizado em vários povos, mas alguns conceitos são comuns a todos e, pela instrução do Mestre Tata Caveira, compilei da seguinte forma:
Quanto mais natural e menos processado o material da “garrafa” (ou quartinha) melhor, por isso é bom evitar plástico por exemplo.
Em contraponto com o item acima, a utilização das cabaças e do barro é o mais indicado por ser o elemento menos processado. Na sequência o vidro e depois a cerâmica.
Outro ponto é o uso que se dá às garrafas/quartinhas. Quando é preciso pedir proteção (como no caso de uma cumieira, por exemplo) elas são completas com elementos naturais de proteção (respeitando o fundamento de cada ritual e religião) e são enterradas ou colocadas em algum local de difícil acesso (por isso as cumieiras ficavam no telhado – a palavra cumieira em si é um objeto da construção civil que une telhas).
Quando precisa que alguma energia manipulada e “engarrafada” seja despachada para vá para longe, a garrafa é jogada no fundo de um rio (água corrente).
Quando é necessário sempre energizar aquele recipiente, ele fica em local visível e é sempre consagrado (como as quartinhas nos congás, nos atabaques, nas tronqueiras, etc).
Não se deixa uma garrafa que será despachada ou enterrada, destampada. Após o fechamento, via de regra, se firma uma vela em cima e a tampa é selada com a cera.
Cantar é louvar e louvar é agradecer, então sempre que for encher uma quartinha ou uma garrafa com os elementos necessários, cante com muita fé para consagrar tudo que está ali dentro.
As quartinhas que ficam expostas e são consagradas de tempos em tempos (no congá, tronqueira, etc) sempre deverão ser cuidadas com muito zelo, sempre sendo limpas e tocadas preferencialmente por pessoas específicas e que tenham essa incumbência.
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