
A gira na Umbanda
06/10/2025
Anjo da Guarda na Umbanda
10/10/2025Antes que o primeiro ponto fosse cantado, antes que o primeiro atabaque ressoasse nas terras do Brasil, já havia o sopro do sagrado dançando no vento. O Criador, em sua infinita bondade, acendeu no coração dos povos antigos a chama do respeito à natureza, o amor aos espíritos e a fé na força invisível que governa tudo. Dessa chama, mais tarde, nasceu a Umbanda, filha da caridade, do perdão e da união entre mundos.
Os fundamentos antigos da Umbanda não moram em livros, mas na lembrança viva dos que a sentem. Estão nas folhas que curam, no fogo que purifica, na água que lava e na terra que acolhe. Estão no gesto simples do médium que se entrega, no olhar do consulente que confia, e na presença amorosa dos guias que descem para servir.
Antigamente, os terreiros eram erguidos com o coração chão batido, vela acesa e fé firme.
Não se falava de luxo, mas de respeito. Não se buscava poder, mas merecimento. O fundamento era o silêncio antes da gira, o canto que abria os caminhos, o charuto que levava o pedido ao alto, e o ponto riscado que selava o compromisso com a luz.
E ainda hoje, os fundamentos antigos vivem, porque o tempo não apaga o que é verdadeiro. Cada toque do atabaque é um chamado às forças ancestrais. Cada erva que ferve no banho carrega a sabedoria das matas. Cada palavra dita com fé é uma chave que abre caminhos na eternidade.
Umbanda é memória viva. É herança espiritual que não envelhece. Seus fundamentos são como raízes de uma árvore antiga: profundas, fortes e silenciosas, sustentando o tronco do presente e as flores do amanhã.
Por isso, quando o médium acende uma vela, deve lembrar que ali está acendendo o fogo do tempo, chamando os mesmos espíritos que há séculos trabalham pela humanidade. Quando o guia baixa em terra, traz consigo o eco dos tambores antigos, as bênçãos dos caboclos de outrora e a sabedoria dos pretos-velhos que ensinaram o valor da humildade.
A Umbanda é, portanto, um encontro entre o ontem e o agora, onde os fundamentos antigos dançam junto com a modernidade, sem perder o perfume das ervas, o canto das águas e o axé das matas.
Que nunca nos esqueçamos: os fundamentos não são segredos guardados são amores vividos.
Estão nas orações sinceras, nas mãos estendidas, nas lágrimas que caem e nas risadas que curam.
Porque a Umbanda é assim: antiga como o mundo, mas nova a cada gira.
E seus fundamentos, eternos como a luz de Oxalá.
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